Há um tempo atrás, coisa de 4 meses, um amigo caiu no golpe do seqüestro por telefone. Na verdade, a mãe dele, claro. Quando ouviu a voz de um jovem qualquer do outro lado da linha, entrou em choque.
Foi até a agência bancária, sob domínio psicológico do marginal, que a essa hora estava monitorando ela por telefone.
O gerente do banco desconfiou, e não quis liberar os 5 mil reais para a mulher de cara totalmente pálida que estava na sua frente. Fez melhor. Ligou para o filho dela (meu amigo de infância), e descobriu que o mesmo estava na casa da namorada.
Encerrado numa cela qualquer de uma penitenciária, a uns três estados de distância, um sujeito desses consegue manter uma cidadã por 2 horas em estado de... ora, de hipnose!
Dê a esse mesmo sujeito uma colherinha, daquelas de chá. Ele cava um túnel sob a cadeia, e se bobear, com iluminação, ventilação e paredes.
Uma obra simplesmente perfeita! Eu, pelo menos, nunca ouvi em nenhum noticiário uma única notícia sobre um detento ter morrido no desabamento de um túnel.
São homens admiráveis, de criatividade e, principalmente, iniciativa. Por que estão a serviço do crime? Por que não estão produzindo para a sociedade? E por que não são eles, detentos como esse, os empreendedores desse "país"?
O Brasil é assim há 300 anos. Teoricamente, estava fadado a isso quando Cabral pisou nessas terras. Os portugueses vinham, levavam as riquezas, e voltavam em suas naus para investir milhares de quilos de ouro no continente europeu.
Já no século 19, a classe dirigente do Estado, (ainda) os portugueses, vivia do escravagismo. A partir daí começamos a ver que a população não esperava nada do estado, e que se ficassem à margem da sociedade, teriam mais chances do que dentro dela.
É essa criatividade, essa iniciativa, que teriam de ser aproveitadas pelo estado brasileiro. Mas nada disso é aproveitado. Fomos dominados sempre por um pequeno grupo, que se aproveita do estado para benefício próprio.
É isso que o cidadão brasileiro aprende desde 1808: que viver ao arrepio da lei é mais fácil, lucrativo e vantajoso. E aí chegamos novamente ao golpista por telefone, ao engenheiro de túneis de cadeia.
E é aí que todos deveríamos concordar:
É só com educação que um dia o Brasil poderá contar com o talento, a força e a imaginação dos futuros engenheiros do crime, esses sim, os filhos do Brasil.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Filhos do Brasil
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